Eles projetam ainda 160 mil demissões nos setores de comércio, serviços e indústria, desde o início do decreto de isolamento social
A crise na saúde, provocada pelo novo coronavírus, instaurou um caos econômico no Estado, desde que o governo decretou o isolamento social com restrição das atividades comerciais.
Diante disso, empresários preveem 9.500 falências e cerca de 160 mil demissões nos setores de comércio, serviços e indústria.
“Os pequenos empresários vão sofrer primeiro. Os grandes, depois. Mas a situação é sistêmica e atingiu a todos. A expectativa era de que ficássemos 15 dias inativos e já estamos nos encaminhando para dois meses sem abrir as portas”, afirmou o diretor da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio), José Carlos Bergamin.
Ele afirmou que uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que 50 mil funcionários de lojas seriam demitidos com a crise.
“Achei um pouco exagerado. Creio que poderemos atingir 40 mil demissões, caso as atividades não sejam retomadas. Isso em um período de três meses a contar desde abril. Esse cenário é muito ruim e se a situação melhorar, essas demissões tendem a ser menores”, afirmou Bergamin.
Sobre as falências, a estimativa é de que quatro mil comércios fechem suas portas. “Temos 40 mil empresas no setor no Estado e vamos perder as atividades de 10% delas. Os empresários não têm como se sustentar mais”, disse.
No setor industrial, a situação é igualmente preocupante. As demissões podem chegar a 100 mil até agosto, com 1.500 fábricas fechando suas portas. A informação foi passada pelo presidente do Conselho de Relações do Trabalho (Consurt), da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Fernando Otávio Campos.
“O comércio é a ligação da indústria com o seu cliente. Então o impacto é direto. Com o comércio fechado, a demanda reduziu. E também houve a redução de renda das pessoas, que deixaram de consumir. Cerca de 80% das fábricas já tiveram queda de faturamento”.
Já no setor e bares e restaurantes, as demissões chegam a 20 mil, sendo que 4 mil empresas precisaram fechar suas portas, segundo o Sindicato dos Restaurantes e Bares (Sindbares).
Vendas em casa para sobreviver
Um mês após o decreto do governo estadual, que proibiu o funcionamento de lojas, a comerciante Rosana Gomes Dally, de 45 anos, decidiu demitir sua funcionária e entregar o ponto de seu estabelecimento para o dono. Ela já não tinha condições de pagar o aluguel da loja, que ficava em Laranjeiras, Serra.
A partir daí, ela começou uma nova luta para sobreviver: levou suas mercadorias para a casa onde mora, em José de Anchieta II, e passou a divulgar os produtos nas redes sociais.
“Mesmo assim o movimento não está bom, pois as pessoas estão cautelosas. Quando o governo liberar as atividades, vou estudar uma possibilidade de voltar, pois esse é o meu sonho. Sei que não vai ser fácil, mas vou tentar”, explicou.
Setores mais atingidos pela crise
Calçados, vestuário, perfumaria e móveis. Esses são alguns setores, do comércio e da indústria que vão ser mais atingidos com as falências e demissões, diante do avanço da pandemia do novo coronavírus.
“No comércio, tudo que se coloca no corpo vai passar por grandes dificuldades, como roupas, sapatos, óculos, bijuteria, perfumes, acessórios”, disse o diretor da Federação do Comércio do Estado, José Carlos Bergamin.
Ele afirmou que esses setores serão atingidos, entre outros motivos, por causa da diminuição de eventos e viagens. “Isso praticamente acabou.”.
Influencia também o fechamento de academias e a grande quantidade de pessoas trabalhando em casa, que acabam ficando mais à vontade”, disse.
Na indústria, o presidente da Consurt, da Findes, Fernando Otávio Campos, destacou os setores de móveis e confecções. “Eles vendem localmente e serão muito afetados por causa do fechamento do comércio”, explicou Campos.
Um dos setores mais atingidos é o de bares e restaurantes, que já contabilizam 20 mil demissões. “Precisamos de um planejamento de retomada das atividades”, alertou Rodrigo Vervloet, presidente do Sindbares.
Fonte: Tribuna Online
Foto: Foto: Kadidja Fernandes – 18/04/2020