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RIO – Se a crise devastou setores inteiros da economia, pelo menos um segmento não tem do que reclamar. A recessão acirrou a competição do bilionário mercado de administradores judiciais, que conduzem os processos de empresas em apuros que buscam nos tribunais proteção contra credores, uma espécie de trégua para retomar o fôlego e escapar da falência. Entre 2014, início da recessão, e o ano passado, 6.806 recuperações judiciais foram pedidas no Brasil, o dobro dos cinco anos anteriores, segundo a Serasa Experian.

Hoje, os 20 maiores casos envolvem débitos de R$ 156,8 bilhões. A lista vai das abatidas na Lava-Jato, como OAS e Sete Brasil, passando pela telefônica Oi, até casos recentes, como os da Saraiva e da aérea Avianca. A fila de casos cada vez mais complexos atraiu novos administradores, de líderes globais de auditoria a escritórios butiques, profissionalizando um serviço que costumava ser só uma atividade paralela de advogados e contadores.

Uma das empresas que se consolidaram nessa área foi a consultoria multinacional Alvarez & Marsal, que está à frente da recuperação judicial mais ruidosa do momento, a da Avianca. A companhia aérea deve cerca de R$ 3 bilhões, já perdeu quase toda a frota e enfrentou até uma greve de funcionários. A consultoria, que também está à frente dos processos da Livraria Cultura e da OAS, tem crescido 30% ao ano, com uma equipe de 30 profissionais. Eduardo Seixas, diretor da consultoria, vê no fato de a escolha do administrador ser exclusiva dos juízes uma limitação a essa expansão:

— O juiz pode nomear quem ele quiser. Não existe competição por preço, técnica. Essa é uma das dificuldades para atuar fora do eixo Rio-São Paulo. Sem ter relacionamento com o juiz, fica difícil ser nomeado.

Fonte: O Globo